quinta-feira, 20 de março de 2014

Uiuiui

O Tempo Voa...
Engraçado como criar textos tem se tornado uma atividade quase diária em minha cabeça, mas escrever... bem, aí é uma outra história...
Duas semanas atrás... Brava vazio, só eu e a Nave dos Sonhos... pensava em escrever sobre a vida a bordo, a rotina de manutenção, os períodos de introspecção diários, o excesso de tempo para exercitar o ócio criativo... Talvez finalmente colocar no papel a idéia de fazer relatos técnicos sobre equipamentos, manutenção, rotas de navegação... um projeto antigo que eu realmente gostaria de ter encontrado antes de iniciar a busca pelo Brava. Diminuiria meus medos de como consertar coisas que eu nunca tentei desmontar.
Alguns dias depois, chega minha nova CrewMember. Depois da saída da Rafa, tenho que buscar tripulação para cozinhar e ajudar a manter o Brava em ordem e navegando nos momentos que estou recebendo pessoas a bordo do Brava.
Pensei em escrever sobre esta nova experiencia... como procurar, encontrar, entrevistar, conviver, aprender e ensinar algo a cada novo tripulante que o Brava recebe.
Apesar de ser um processo relativamente recente em minha vida, acabou se tornando mais uma rotina... Selecionar, receber, conviver, trabalhar junto, seguir em frente...
Poderia fazer alguns textos muito bacanas e outros nem tanto sobre cada uma destas pessoas que tive o prazer de conviver, unidos pelo sonho comum... viver em um Veleiro, conhecer pessoas, lugares, culturas.
Depois vieram os dias de preparativo para o Charter.
Mais um longo texto mental... mais uma possibilidade de enriquecer este Blog que tem sido meu pergaminho por tanto tempo...
Escrever sobre o trabalho em si... sobre os valores, custos, dar uma noção a outros sonhadores sobre a realidade de Viver do Sonho...
Escrever sobre a alegria em receber outras pessoas em minha casa, em meu sonho, em meu mundo... Em leva-los a conhecer outra realidade, viver flutuando, beber água da chuva... mergulhar em corais virgens, surfar ondas perfeitas, comer lagosta até enjoar... ver o sol se por com um sorriso de felicidade estampado no rosto de cada um com um copo de vinho branco para brindar tanta magia.
Depois chegaram os amigos... e com eles uma das semanas mais espetaculares que vivi aqui em Bocas del Toro.
Água estupidamente clara, ventos soprando na direção correta para velejarmos para aonde queríamos, raias nadando por baixo do Brava, lagostas exibidas facilitando a captura, bixos preguiça sorrindo para nós, macacos gritando no fim de tarde, excelente comida, compania ainda melhor... Sol durante o dia, Lua Cheia durante a noite... Boa música, muita risada, muito bate papo sincero e até disputadas partidas de canastra sob a luz de vela de citronela.
Depois, a despedida dos amigos...
A infeliz rotina de dizer Adeus.
Mais um longo texto... este mais uma vez mais filosófico, mais introspectivo.
Mais uma descrição do que sinto pelos meus amigos, de infância, de escola, de viagem, de vida... de tudo que aprendi com eles, de toda a motivação que me dão a cada dia, da saudade, da alegria dos reencontros, da tristeza das despedidas... da dúvida sobre a possibilidade de um futuro reencontro...
Também a possibilidade de escrever sobre as escolhas pessoais, sobre a diferença de estilos de vida, sobre sonhos realizados, não realizados e sua busca eterna...
Sobre filhos, filhas, sobrinhas e sobrinhos...
Sobre o quanto sinto falta do contato, mas como me sinto agradecido por ter tido contato.
Sobre o sentimento único de saber que os que se vão levam algo de mim e me deixam algo deles também...
Mas não vou me aprofundar em nenhum destes assuntos... mesmo porque não quero te cansar com mais um texto filosófico do tamanho do resumo da Bíblia...
Hoje só quero escrever.... transformar pensamentos em palavras... criar frases, testar concordâncias, buscar sinônimos, brincar com as letras... exercitar a capacidade intelectual.
Provavelmente esta vontade veio por estar lendo bastante de novo... Por estar em contato com excelentes escritores... Por desejar um dia ter um pouco da qualidade deles em escrever... em brincar com as palavras... em te fazer viver o que nunca viveu apenas em ler o que eles escreveram.
Tenho tentado ler relatos de viagens, aventuras... normalmente escritos em primeira pessoa, no qual o autor ou autora é, como eu, um sonhador realizando seus sonhos.
Minha busca é em tentar entender as motivações, forma de decisão em largar tudo e ir em busca...
Em como descrever seus sonhos... até aonde estão dispostos a ir em busca deles...
E assim aprender mais para, quem sabe um dia, escrever um livro sobre minhas aventuras, sobre meus sonhos...

E já que o Blog é de um sonhador... ai vai um texto de outro sonhador...de um argentino que em 2000 atravessou as Americas em um Ford 1928.

Você sabe que o contrario de Amar é Odiar...
Que o contrário do Dia é a Noite...
Do Branco, o Preto...
Agora, diga-me:
Qual é o contrário de SONHO?
Penso, procuro e não encontro.
E que não há... não existe.
Não há nada nem ninguém contra um Sonho. Tudo esta a seu favor!!!
Herman Zapp - Atrapa tu Sueno

Virar escritor??? Talvez mais um Sonho nascendo.
Obrigado Meu Deus!!!
















quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Conselho de um sábio Velejador

Bonaire, outubro de 2011

Fim de tarde de um dia lindo, Brava amarrado a uma poita, flutuando calmamente em uma água de um azul inexplicável, de transparência poucas vezes igualada.
Estávamos em Bonaire, ilha que faz parte das ABC... Aruba, Curaçao e Bonaire.
Chegamos um ou dois dias antes, com um casal de amigos a bordo. O primeiro casal de amigos que recebíamos em nossa casa flutuante.
Apenas estar ali, flutuando, vendo os peixes nadando por baixo da quilha do Brava já era a realização do sonho.
Havíamos conseguido... Chegamos em uma área fora da região de ocorrência de Furacões.
Tínhamos velejado uma grande parte do Caribe no meio de uma ativa temporada de Furacões, passado por 4 Tropical Storms, uma no meio do caminho que passou com seu centro caprichosamente a 14 milhas de onde estávamos ancorados em uma baía relativamente exposta.
Havíamos velejado mais de mil milhas em nossa nave dos sonhos, as primeiras mil de milhares que ainda viriam e virão.
Estávamos maravilhados. Felizes, realizados.
A presença dos amigos a bordo nos provava que seria possível viver o Sonho, viver DO Sonho...
Rádio VHF ligado, canal 68, canal de chamada dos cruzeiristas em Bonaire... de repente escuto um veleiro pedindo instruções sobre como e aonde ancorar.
Me comunico com ele, explico que devido a proteção dos Corais, em Bonaire não se ancora, amarra-se a uma das poitas disponibilizadas e mantidas pelo governo local, que cobra uma taxa de 10 dólares por dia.
Eles agradecem, conseguem visualizar as bóias brancas, iniciam a aproximação.
Resolvo ir com o Dingy até eles e dar uma olhada nos cabos de amarração para garantir que teriam uma poita em boas condições. Para ter certeza dou um mergulho naquela água de sonho em que não precisa usar uma mascara de mergulho para ver os pequenos detalhes...
Separo os cabos, volto ao dingy, espero eles chegarem com calma e técnica, na velocidade certa, sem gritos, sem afobação, classe em todos os movimentos.
Ele no leme, ela na proa.
O veleiro, um Double Ender (double proa ai no Brasil), 38 pés, um Vagabond 38, imaculadamente mantido, lindo de se ver.
Com um ar clássico, dava para ver que por baixo da tinta nova que refletia o por do sol que só estas ilhas dos sonhos conseguem oferecer, tinha muita história guardada.
Ela recebe os cabos de amarração, prende nos cunhos, eu vou deslizando pela lateral, olhando os detalhes do barco, lendo as entrelinhas, tentando aprender o que podia, fascinado com adaptações inteligentes, verniz fresco, cabos simetricamente alinhados...
Chego na popa, faço o primeiro contato com ele.
Ela chega logo após terminar de organizar os cabos de amarração na proa.
Ambos me convidam para entrar.
Entrar em um veleiro de outra pessoa é muito mais que entrar em uma casa de alguém, é penetrar em seu Universo.
Mais uma vez, tudo surpreendente... Desde os acabamentos bordados nas almofadas do cockpit, mais verniz fresquinho nas escadas, eletrônicos simples, funcionais e confiáveis, casa limpa, organizada, até o inacreditavelmente grande, gordo e peludo gato cinza que parece ter sentido uma atração fatal pelas pernas salgadas deste que te escreve... para desanimo dela, que explicou que tinha acabado de dar banho no terceiro elemento da tripulação.
Don e Nancy... Nancy e Don.
Ele estiloso, barba meio branca, meio loira, cabelos ainda presentes, com aquela cor de pele que só quem vive no mar acaba tendo. Seguro nas palavras, educado e comedido nos comentários, agradável de estar perto. Ela frágil, pequena, magrinha, mas que transparecia uma fortaleza enorme em seus atos. Parecia que ia quebrar ao meio só em tirar o gato já meio salgado do meio de minhas pernas.
Casal que se conheceu nos tempos áureos da contra cultura americana, que entre uma sessão lisérgica e outra resolveu abandonar o sistema, fugir para outra realidade e criar seus filhos pelo mundo, expondo eles a um universo mais colorido que os tons de cinza da cidade californiana em que viviam.
Me falaram que estavam no mar a 25 anos.
25 anos em busca da realização de sua meta, de seu sonho. Velejar ao redor do mundo.
Compraram o Veleiro por quase nada, sem quase nada dentro além de uma enorme lista de coisas a fazer. Resolveram o que podiam, equiparam como sabiam, tiraram o casal de filhos da escola e partiram... 25 anos atrás.
Naturalmente me senti fascinado pela história deles.
Fiquei uma meia hora em contato, a bordo, em uma agradável conversa em que os minutos voam e os assuntos se conectam com facilidade. Pude sentir que eles também se sentiam confortáveis comigo.
Terminei a xícara de chá, dei mais uma afanada na cabeça da bola de pelos, um beijo na Nancy, um aperto de mãos firme ao Don, convidei-os a visitar o Brava e voltei para minha casa.
No outro dia organizamos um PotLuck a bordo do Brava.
Para quem não sabe, nada mais é que um junta tribo em que cada um leva alguma coisa e no fim todos se deliciam com um variado banquete, sem onerar financeiramente ninguém. O status esta em compartir, não em se exibir por estar pagando a conta.
Embalados pela cerveja, de estomago cheio, vendo mais um fim de tarde idílico, não tinha como o bom papo não correr solto.
As mulheres se juntaram, a Nancy foi dar umas dicas para a Rafa, passear por dentro do Brava, eu fiquei no cockpit e dei uma volta no convés do Brava com o Don com o sorriso de orelha em orelha em ouvir uma pessoa com tamanha experiencia me falar das qualidades do Brava, perguntar detalhes que só quem sabe o que é importante em um veleiro consegue perceber...
Mais uma vez tive a certeza que o barco que me escolheu realmente pode ir muito mais longe do que sempre sonhei.
Noite começando a cair, eles se despedem... eu não queria que o tempo passasse tão rápido, queria conviver mais, aprender mais. Em um impulso instintivo, provavelmente guiado pelo medo de não mais os encontrar, falo para o Don...
- Sei que conselho não se pede e não se dá, mas você teria alguma dica para me dar?
Na minha cabeça, pensava em alguma ancoragem inacreditável em alguma esquina perdida de algum Oceano, em alguma forma milagrosa de ver o vento fazer a curva, ou de algum segredo que certamente ainda levarei anos para aprender.
A resposta dele foi simples, direta, sincera e verdadeira.
- Just DO what YOU want!!! Apenas faça o que você quer fazer!!!
Não no sentido de buscar realizar o sonho, ou de querer velejar por aí atras de ondas, ancoragens, experiencias, culturas, mas no sentido mais profundo do seu desejo pessoal.
Se você quer velejar pelo Caribe no meio da temporada de furacões, vai e faz da forma que você acha que vai ser a mais correta, mesmo que existam milhares de pessoas que irão te dizer que não existe forma correta de fazer algo que é errado. Velejar pelo Caribe no meio da Temporada de Furacões não é certo, nem seguro.
E nós tínhamos acabado de fazer de forma correta o que é considerado errado, mesmo que para isto tivemos que contar com a sorte, provavelmente fornecida por um Universo conspirando a favor daquele que se dispõe a seguir seus sonhos de corpo e alma. Ou como diz o ditado... Deus protege os Abobados.
Quando cheguei no Panamá, ainda reencontrei o Don e a Nancy, em outra ancoragem idílica, em outro fim de tarde surreal.
Era novembro de 2011. Estávamos em San Blas Islands, Cayo de Coco Bandero. Certamente uma das ancoragens mais lindas de uma das regiões mais lindas do Caribe.
Eles se preparavam para cruzar o Canal do Panamá, subir a costa do Pacífico e finalmente retornar para aquela cidade cinza que abandonaram a 25 anos, finalmente terminando sua Volta ao Mundo em um veleiro. Não tinham pressa, provavelmente hoje, 2 anos e meio depois, devem estar flutuando em algum canto do México banhado pelo Pacífico.
Eu tinha a cabeça atormentada por um problema na caixa de cambio do Brava, mas imaginava em chegar a Bocas del Toro, passar a temporada de ondas, em março atravessar o Canal do Panamá e em abril seguir rumo a Galápagos e a Polinésia Francesa ainda em abril de 2012.
Vida segue, mundo dá voltas, pessoas importantes se vão, outras ainda mais importantes ainda nem nasceram e hoje me peguei relembrando aquele agradável fim de tarde, naquela ancoragem idílica, com peixes nadando em uma água tão transparente que seria mais simples pensar que eles estavam voando.
- Just DO what YOU want!!!
Lembro da felicidade estampada na cara dele ao me falar aquilo. Impossível não acreditar na sinceridade daquele Velho Lobo do Mar...
Ainda no começo deste ano, 2014, senti que chegou a hora de ir ao Pacífico. A MINHA hora... Finalmente!!!
Organizei a lista de projetos no Brava para poder ir em segurança, uma lista de amigos que poderiam fazer tamanha travessia comigo, afinal serão mais de 3 semanas inteiras e mais uns quebrados sem ver terra, só cercado por água, pelo azul... e me programei para em abril cruzar o Canal do Panamá, passar um tempo na Cidade do Panamá organizando os últimos detalhes e fim de maio iniciar a Travessia do maior Oceano do Mundo. Dentro do padrão dos Velejadores. Dentro do senso comum, do que é considerado correto.
Massss....... Just DO what YOU want!!!
Neste exato momento, o calendário derreteu-se. Provavelmente devido a meta de SER FELIZ HOJE, AQUI e AGORA!!! que venho vivendo ultimamente, mas também pelas sábias palavras do Don.
Não tenho que sair na época que todos acham certa. Não vou estar velejando em área de ocorrência de furacões, então porque acelerar as coisas???!!!
Todos saem do Panamá ate junho, para terem tempo de chegar na Nova Zelândia ou Austrália antes do início da temporada de Furacões no Pacífico Sul... fim de novembro.
Bom para eles!!!
Mas, eu nunca pensei em atravessar o maior oceano do mundo, com suas incontáveis ilhas, ondas, culturas, pessoas e ancoragens idílicas em que a água é tão transparente que parece que os peixes voam percorrendo mais de 20 mil kilometros em menos de um ano.
Simplesmente não consigo pensar nesta hipótese. Não entra na minha cabeça dura.
O que EU QUERO, agora naturalmente, é surfar em Bocas del Toro até a temporada de ondas acabar. Velejar para San Blas e sentir toda aquela beleza e paz mais uma vez e sair de lá no início da temporada de chuvas, aí por junho.
Depois cruzar o Canal, depois passar mais um tempo na Cidade do Panamá acertando os últimos detalhes e aí então começar a cruzar o Pacífico em direção a Galápagos, provavelmente no fim de julho. Casualmente mais ou menos no mesmo período em que fizemos a nossa primeira Travessia do Pacífico em 2008, na qual saímos do Panamá na metade de julho.
Isto vai me dar mais Surf, mais velejadas lindas, mais ancoragens idílicas, mais possibilidades de receber pessoas, mais possibilidade de fazer caixa para vagabundear mais no Pacífico, e, a possibilidade de usar o visto da Polinésia Francesa até o limite de chegada do tempo ruim, e depois subir rumo norte e passar o natal em uma área sem Furacões, aeroportos, congestionamentos...
Apenas altas ondas, pessoas sinceras por perto, ilhas paradisíacas, fins de tarde surreais em ancoragens idílicas com a água tão clara que será mais fácil pensar que os peixes voam.
Obrigado Meu Deus por colocar pessoas tão especiais em meu caminho!!!
Obrigado Meu Deus por sempre guiar meus passos!!!
Te prepara Pacífico, que o Brava está a caminho!!!




                             O Brava flutuando em Bonaire



                                      Fim de tarde em Bonaire


                  Dobrando as velas após a travessia Curaçao - Bonaire






The Reality... NOW!!!

February 12, 2014

For some time I have been thinking to write again .
Almost a year after the last posting on this blog .
Write about what I went through this period ... Surely the most intense, the more full of learning, anguish, of happiness , loneliness and companionship period that I have lived so far.
A year of loss and rediscovering. Mainly losses and Rediscovering.
One year ago I was  in the same anchorage, North Anchorage,  Carenero Island in Bocas del Toro, Panama.
Interestingly , also with the feeling that I should go back to writing.
A year ago I made a summary of what had happened in our lives , mine and Rafa , so that we could become Cruisers. Talking about the steps that we made to finally have  the feeling that we were living the dream of so many years.
In one year , a new phase began in our lives .
Throughout my life I have had a dream. Distant, almost impossible at first, but over the years with daily effort, with the help of something higher, universal conspiracies, destiny, faith,  path, luck, chance and love, especially love, I was able to accomplish.
I dreamed that one day would be a Sea Traveler. I'd live on a sailboat. would sail from island to island in search of waves, nature, diving, new friends , new cultures ...
A year ago I was sitting in an idyllic anchorage with transparent water , living and traveling in a dream boat for over two years listening to the sound of waves crashing on a perfect reef, right there behind the island, in a distant country of different culture, next to the woman of my dreams .
I had finally realized the dream of my life . 35 years old ...
But ... so what?
Life does not end when we do not accomplish our dreams , but also does not end when we realize them.
The difficult for the dreamer , when living the dream, is to find your next dream .
His next mission in life, his new goal, new purpose, new challenge, new Path...
Sometime after  this, Rafa decided to go in search of their dream . Her dream was no longer living aboard .
She had lived this beautiful dream for years , met his brilliance and darkness. Donated herself in a unique way to perform and live this life experience.
 Literally gave blood, sweat and tears , thankfully most of them , tears of happiness.
But she felt his new dream was no longer aboard Brava . Decided to return to Brazil in search of a new realization , a new goal , a new challenge , a new path . In search of a new reunion with herself , with her dreamy soul.
We had a sad farewell , full of love, sincerity , kindness and mutual support . Feelings that every day grow more between us. Hard not to cry remembering the last moments of her on Brava. To remember how painful it was to accept the fact that our Paths diverged.
I broke down, collapsed, went to find myself.
She broke down, collapsed, and went to find herself.
I found a sailboat that needed crew to cross the Atlantic out of St Maarten in the Caribbean and arriving in Palma de Mallorca, Mediterranean Sea.
I was able to return to find friends a long time not seen, places that for a long time I did not return, felt emotions that for a long time did not feel.
But even using the unique deep blue from the middle of the Atlantic Ocean as a mirror to my soul for days and nights of reflection and search, I still had not rediscovered myself.
20 days crossing the Atlantic, during which I rediscovered myself as a sailor.
Arriving in Europe I decided to go for  an old dream that I always postponed.
I decided to buy a bike and do the Camino del Norte, one of the longest routes of the Camino de Santiago de Compostela. Cycled for the north coast of Spain, between Bilbao and Santiago de Compostela, alone, accompanied by a surfboard and the willingness to surf as much waves as I could along the way, find people, places, knowledge.
I found much more than that. I found humility, I found silence, I found Peace.
Found that each one has its own path. To feel that someone else must give up her ​Path to follow your Path is not Love , but rather an almost opposite feeling. Love is supporting whom you Love to find his-her Path.
I discovered that true love between two people is to share joys and sorrows sincerely as they walk together on the same Path, as long as it lasts. To know that only time will make your Paths to cross back ... Or not ... but even them  they support each other, happy to know that the other is following his-her path, his-her quest , his-her dream. Because that´s what dreamers do ....they walk, they dream...
Arrive in Santiago , keep moving... because the Path never end, it perpetuates  in each step that you do.
I did not know what I was seeking in this Path, but I knew that I had rediscovered myself as a Pilgrim .
Returned by bike to Portugal and started to work as Surf Teacher again. Spent a lot of time with  very important people in my life, I relived emotions , went back to places and  had the opportunity to do a reading about my life in the last  15 years . What had lived since the first time I was in the Azores and the met the Blue Water Cruisers, SeaTravellers and decided that that was my dream, my life mission , my  goal , my real desire , my challenge , my way, my Path.
Rediscovered the value of friendships, the insignificance of the time, the pleasure of surfing, the joy in teaching.
Four months searching, rediscovering myself. I was once again a Dreamer, Traveler, adventurer, surfer, friend ...
Returned to Brazil. Needed to spend some time with my family, my friends, Rafa...
Lived unique moments with all of them. Incredibly unique.
I rediscovered myself as a son, as a brother, as a friend...
But I felt that I still had not rediscovered myself as I needed.
I went back to Bocas del Toro to rediscover Brava after 5 months.
It was hard to find my Dream Boat-house in such a bad shape after 5 months  closed. Mold, cockroaches, ants and geckos had taken possession of her. The problems arrived with the Panamanian moisture or by cables that tied Brava to the dock.
But all the work of the early days helped me to fight against loneliness. Helped me pursue goals, create goals, focus...
Two weeks and four extermination sessions after,  Brava was already returning to her normal state.
Friends came to visit , the waves were back , sailed again, dolphins playing around, anchored in  transparent water, in the comfort of a dream boat , happy to be back home , to be living the dream .
Finally I had rediscovered myself again .
I rediscovered that this is my path. I'm a Dreamer. I am a Pilgrim  I am a Blue Water Sailor, I am a Surfer...
My new dream is to live on a sailboat and sail from island to island in search of waves, nature, diving, new friends, new cultures ... to dream, achieve and dream again. Learn what is hided  behind every corner and follow the Path in search of what the next step will teach  me.
Everything was always exposed  right in front of me, showing me the direction... the love of my family , the partnership of the friends, the similarities and differences , the rights and wrongs , the ups and downs , the tireless companion.
I can feel that an important phase of my life had ended and one even more important starts .
Let the Pacific come and. bring on new challenges.
Thank My God for always guiding me….
Thanks to everyone who somehow helped me to keep walking.
Good walk on your Path Rafa. Thank you for hold my hand for such a long way.

Never stop dreaming!

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

O Brava foi incluído em uma matéria sobre Charters para Brasileiros na edição de fevereiro da Revista Náutica.
Fica aqui meu agradecimento pessoal ao Tarcisio Alves e ao Otto Aquino por realizarem uma matéria sobre veleiros brasileiros que abrem as suas portas para receberem brasileiros pelo mundo.
Voces não apenas nos ajudaram a continuar vivendo nossos sonhos, mas também estão mostrando a mais sonhadores que o sonho é possível de ser realizado.
Parabéns também aos outros barcos participantes da matéria, em especial ao Ocean Eyes, do Alcides Falange e da Tati Zanardi, que convidaram o Brava a participar, além do Pajé do Mario e da Paula, do Cascalho do Luiz e da Mauriane, e do Guruçá Cat, do Fausto e da Guta. (links para os blogs deles estão ai ao lado).
Grupo de pessoas especiais.... uma família para mim. Mesmo realizando o mesmo trabalho, oferecendo o mesmo serviço, não existe o sentimento de competição, de concorrência, apenas o sentimento de apoio mútuo, de respeito.
Orgulho comum em levar a Bandeira Brasileira, de representar uma nação com pouca tradição náutica, em desmistificar a Vela de Cruzeiro internacional e ainda abrir a porta de nossas casas para receber e dividir esta experiencia maravilhosa com outros brasileiros sonhadores.
Bons ventos a todos. Orgulho imenso em fazer parte deste grupo, desta família.
Obrigado mais uma vez a Revista Náutica pela oportunidade e iniciativa.
Obrigado Meu Deus!!!


quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

A Relidade hoje...

!2 de Fevereiro de 2014

Por algum tempo venho pensando em voltar a escrever.
Quase um ano apos a ultima publicação neste Blog.
Escrever sobre tudo o que vivi neste período... Com certeza o período mais intenso,  o mais cheio de aprendizagem, de angústias, de felicidades, de solidão e companheirismo que vivi até agora.
Um ano de perdas e reencontros. Principalmente perdas e Reencontros.
Ha um ano estava nesta mesma ancoragem, ancoragem de Carenero, em Bocas del Toro, no Panamá.
Curiosamente, também com o sentimento de que deveria voltar a escrever.
Ha um ano fiz um resumo do que tinha acontecido em nossas vidas, minha e da Rafa, para que conseguíssemos nos tornar Velejadores de Cruzeiro, falando sobre as Fases em que passamos ate poder ter o sentimento de que estávamos vivendo o sonho de tantos anos.
Neste período de um ano, uma nova fase se iniciou em nossas vidas.
Por toda a minha vida tive um sonho. Distante, quase impossível no início, mas que ao passar dos anos com o esforço diário, com ajuda de algo superior, conspirações universais, destino, fé, caminho, sorte, azar e amor, principalmente amor, consegui realizar.
Sonhei que um dia seria um Viajante dos Mares. Que viveria em um veleiro. Que velejaria de ilha em ilha em busca de ondas, natureza, mergulho, novas amizades, novas culturas...
Ha um ano estava sentado em uma ancoragem idílica de água transparente, morando e viajando em um barco de sonho a mais de dois anos, escutando o som das ondas quebrando em uma bancada perfeita, logo ali atras da ilha, em um pais distante de cultura diferente, ao lado da mulher de meus sonhos.
Finalmente tinha realizado o Sonho da minha vida. 35 anos de idade...
Mas... e daí?
A vida não acaba quando não realizamos nossos sonhos, como também não acaba quando conseguimos realizá-los.
O difícil para o sonhador, quando vive o sonho, é definir qual vai ser seu próximo sonho.
Sua próxima missão de vida, seu novo objetivo, nova meta, novo desafio, novo Caminho...
Algum tempo depois a Rafa decidiu ir em busca de seu sonho. Seu sonho já não era mais viver a bordo.
Já tinha vivido este sonho lindo por anos, conheceu seu brilho e sua escuridão. Doou-se de uma forma única, para realizar e viver esta experiencia de vida. Deu literalmente sangue, suor e lágrimas, felizmente a maioria delas, lágrimas de felicidade.
Mas sentiu que seu novo sonho não estava mais a bordo do Brava. Decidiu voltar ao Brasil em busca de uma nova realização, uma nova meta, um novo desafio, um novo Caminho. Em busca de um novo reencontro com ela mesma, com sua alma sonhadora.
Tivemos uma despedida triste, repleta de amor, sinceridade, carinho e apoio mútuo. Sentimentos que a cada dia crescem mais entre nós dois. Difícil não me emocionar em relembrar os últimos momentos dela no Brava. Em lembrar como foi doloroso aceitar o fato de que nossos caminhos se separavam.
Eu quebrei, desmoronei, a fui me reencontrar.
Ela quebrou, desmoronou, e foi se reencontrar.
Encontrei um veleiro que precisava de tripulação para atravessar o Atlântico saindo de Saint Maarten no Caribe e chegando em Palma de Maiorca, Mar Mediterrâneo.
Tive oportunidade de voltar a encontrar amigos que a muito tempo não via, lugares que a muito tempo não ia, emoções que a muito tempo não sentia.
Mas mesmo usando o azul único do meio do Oceano Atlântico como espelho para a minha alma por dias e noites de reflexão e busca, ainda não tinha me reencontrado.
Foram 20 dias de travessia, período em que me reencontrei como velejador.
Ao chegar na Europa decidi realizar um sonho antigo e sempre postergado.
Resolvi comprar uma bicicleta e fazer o Camino del Norte, uma das rotas mais longas do Caminho de Santiago de Compostela. Pedalei pelo litoral norte da Espanha, entre Bilbao e Santiago de Compostela, sozinho, acompanhado por uma prancha de Surf e a vontade de surfar o máximo de ondas pelo caminho, encontrar pessoas, lugares, conhecimento.
Encontrei muito mais do que isto. Encontrei humildade, encontrei silencio, encontrei Paz...
Descobri que cada um tem seu próprio Caminho. Que sentir que outra pessoa deve abrir mão do Caminho dela para seguir o seu Caminho não é amor, mas sim um sentimento quase oposto. Amor é apoiar quem você ama a encontrar o seu Caminho.
Descobri que o verdadeiro amor entre duas pessoas esta em compartilhar as alegrias e tristezas de forma sincera enquanto caminham juntas, pelo mesmo Caminho. Em saber que só tempo ira fazer seus Caminhos voltarem a se cruzar... Ou não... mas que se apoiam por não desistirem de sua busca, de seu Caminho. Pois é isto que eles fazem.... caminham, sonham...
Chegar em Santiago, seguir pedalando... porque o Caminho não acaba, ele se perpetua ao caminhar.
Ainda não sabia o que buscava neste Caminho, mas sabia que tinha me reencontrado como Peregrino.
Voltei de bicicleta a Portugal e la voltei a trabalhar como Professor de Surf. Reencontrei pessoas importantíssimas em minha vida, revivi emoções, voltei a lugares, tive oportunidade de fazer uma leitura de que tinha vivido em 15 anos. Do que tinha vivido desde que pela primeira vez que estive no Arquipélago dos Açores e conheci o mundo dos Velejadores de Cruzeiro, dos Viajantes do Mar e decidi que aquele era meu sonho, missão de vida, seu objetivo, minha meta, meu desafio, meu Caminho.
Reencontrei o valor das amizades, da insignificância do tempo, o prazer de surfar, da alegria em ensinar.
Foram quatro meses de busca, de reencontros. Voltei a ser Sonhador, viajante, aventureiro, surfista, amigo...
Retornei ao Brasil. Precisava matar a saudade que sentia da minha família, dos meus amigos, da Rafa...
Vivi momentos únicos com todos eles. Inacreditavelmente únicos.
Me reencontrei como filho, como irmão, como amigo...
Mas sentia que ainda não tinha me reencontrado.
Voltei a Bocas del Toro para reencontrar o Brava após 5 meses.
Foi duro reencontra-lo apos 5 meses fechado. Mofo, baratas, formigas e lagartixas tinham tomado posse da minha casa. Chegaram com a umidade panamenha ou pelos cabos que amarravam o Brava.
Mas todo o trabalho dos primeiros dias me ajudou a enfrentar a solidão. Me ajudou a buscar metas, criar objetivos.
Duas semanas  e quatro sessões de extermínio depois o Brava já estava voltando ao seu estado normal.
Vieram os amigos, voltaram as ondas, as velejadas, os golfinhos, as ancoragens de água transparente, o conforto de um barco de sonho, o prazer de estar de volta a casa, de estar vivendo o sonho.
Finalmente tinha me reencontrado.
Redescobri que este é o meu Caminho. Sou um Sonhador. Sou um Peregrino.
Meu novo sonho é viver em um veleiro e velejar de ilha em ilha em busca de ondas, natureza, mergulho, novas amizades, novas culturas...sonhar, realizar e voltar a sonhar. Aprender o que se esconde atrás de cada curva do Caminho e seguir em busca do que o próximo passo me reserva.
Tudo sempre esteve exposto, me mostrando a direção... o amor da família, a parceria dos amigos, os encontros e desencontros, os acertos e erros, as subidas e descidas, a companheira incansável.
Senti que uma importantíssima fase de minha vida tinha terminado, que uma ainda mais importante se inicia.
Que venha o Pacífico. Que venham novos desafios.
Obrigado Meu Deus por me guiar sempre.
Obrigado a todos que de alguma forma me ajudaram a seguir caminhando.
Bom Caminho Rafa.
Nunca parem de Sonhar!!!
























sábado, 16 de fevereiro de 2013

Ja me falaram que a vida eh feita de fases...

Ontem, finalizamos mais uma fase a bordo do Brava.
Iniciamos com a fase do imaginar como seria... quando olhávamos nas revistas de vela as pessoas que tinham abandonado a vida na cidade e partido rumo ao horizonte azul.
Depois, já com a imaginação dominada, passamos pela fase do sonhar... sonhar como seria bom fazer o mesmo, sonhar com o barco, com os novos mundos a conhecer, com as aventuras...
Ai veio a fase de buscar... buscar o barco, buscar formas de ter alguma renda para ajudar a viabilizar o sonho... a eterna busca por aprender, conhecer, entender... a busca por conseguir ter a segurança para poder viver o sonho. Começamos a aceitar toda e qualquer oportunidade para estar velejando, consertando barcos, fazendo cursos, construímos um veleiro pequeno para ver se valia a pena,  viramos rato de marina... Atravessamos o Pacifico e o Atlântico velejando, visitamos mais de 30 países em uma curva ascendente de aprendizado que ate hoje cresce intensamente.
Vendemos tudo... apartamento, carro, compramos um terreno em um lugar que gostamos, em uma região tranquila, realizamos o sonho da Rafa como Arquiteta de projetar e construir sua própria casa. Junto com esta realização veio a segurança de uma casa, de um lugar para voltar caso não nos acostumássemos com a vida a bordo, a segurança de um aluguel, mesmo que pequeno, ajudando a pagar os custos do sonho.
E quando menos esperávamos ele apareceu. Nosso tao imaginado, sonhado, calculado, estudado e esperado Veleiro apareceu.
Entramos na fase de compra, reforma e reconhecimento. Levamos um bom meio ano nesta fase. Uma fase em que toda e qualquer economia que você tenha feito vai ser consumida... em que vais dormir sonhando com um equipamento novo e acordar para encarar um dia inteiro de pó de fibra penetrando em seus poros e te fazendo sofrer intensamente por uma semana... em que vais começar a aprender e entender o funcionamento de um ser vivo (barco), complexo, intenso e sem manual de instruções.
Barco encontrado, comprado, pago, reformado, atualizado, pintado, polido e encerado, começa uma nova fase... a fase de Viver o Sonho. Nesta fase tudo eh alegria... a cada velejada mais feliz você fica com a qualidade do seu Veleiro, a cada ancoragem tudo eh novidade, o sentimento de realização só não eh maior que o sentimento de liberdade, o pouco dinheiro que sobrou de uma vida de economia são gastos com prazer em happy hours no fim de tarde, em alguma baia milimetricamente posicionada para o melhor visual do fim de tarde do Caribe entre dezenas de pessoas que são como você... talvez em uma outra fase...
Ai vem a fase em que você se torna o que aqui fora eh conhecido como Cruiser, ou ai no Brasil como Cruzeirista.
Você não eh mais uma pessoa comum, afinal você mora em um Veleiro, mas você também não eh um velejador, porque teu veleiro tem tanta coisa para sua vida diária que inviabiliza a participação em regatas, e da uma preguiça danada organizar tudo para poder ir a outra ancoragem, por mais próxima que esta se localize. Você passa a ser mais um viajante de deslocamento lento, ou um Mestre em manutenção geral em lugares paradisiacos.
Como tudo na vida que eh feito regularmente, varias vezes, você acaba se deparando com um dos principais motivos que te fizeram fugir da vida comum... a Rotina.
Neste momento, em que viajar, velejar, ancorar, conhecer e fazer tudo de novo, vira rotina, eh o momento que muitos abandonam o sonho. Os que, como nos, não desistem, entram em uma nova fase.
Esta nova fase foi a que encerramos ontem.
Eh a fase em que aceitamos que este estilo de vida eh o que mais nos agrada e que esta eh a vida que queremos viver.
Eh o momento em que aceita as maravilhas e os desconfortos, as calmarias e as tormentas, a alegria de fazer um novo amigo em algum canto do mundo e a saudade do amigo que a tempo não vê.
Eh quando você, seus amigos, sua família, todos aceitam que esta eh sua vida.
Toda aquele deslumbramento, surpresa, descobrimento já não são tao intensos, e a vida se parece mais com a que deixamos para tras.
Temos que correr atras de dinheiro, temos que ter saúde,  temos que ter um grupo social para fazer parte, temos que ter ferias, tudo igual a todos os outros seres humanos.
E, posso te garantir, estamos conseguindo.
O dinheiro necessário para viver vem da visita de amigos, da realização de charter,  do serviço a outros barcos, dos projetos arquitetônicos da Rafinha. Levar uma vida simples, não ficar em marinas, não depender de restaurantes diariamente, fazer todas as manutenções de seu barco ajudam bastante a diminuir a necessidade de dinheiro.
O Brava já não eh mais um desconhecido... já conhecemos cada detalhe, cada fio, cada barulho desta maravilhosa maquina de sonhos. O amamos como um filho, confiamos nele como em um pai.
A 10 meses atras fechamos a torneira. Precisávamos ter a certeza de que poderíamos viver no Brava, com o Brava e pelo Brava. Nao voltaríamos mais ao Brasil para eu fazer a temporada de verão com a escola de Surf Primeiras Ondas e a Rafa trabalhar como Arquiteta. Nao mais iriamos trabalhar embarcados em outros barcos, não mais faríamos delivery. Nossa empresa , empreendimento, negocio, business passou a ser o Brava.
Aceitamos o desafio, entramos de cabeça, nos doamos 100% ao projeto e Gracas a Deus, estamos conseguindo!!!
Ontem acabou uma temporada de visitas, na segunda feira reinicia mais uma temporada de manutenção. Mais uma fase.
Mas desta vez, com a certeza de que conseguiremos!!!
Obrigado Meu Deus!!!
Manuel Alves e Rafaela Brogni
Duplaventura







quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Um ano de Brava

No dia 01 de setembro completamos um ano a bordo do nosso veleiro, o Brava.
Nesta data, no ano passado saimos pela primeira vez da Sympson Lagoon, a lagoa de Sint Maarten, com rumo a Antigua e demais ilhas do Caribe, tentando fugir da area de ocorrencia de Furacoes no Caribe.
Nossa vida a bordo comecou bem antes... talvez tenha comecado na metade de janeiro, quando achamos o Brava a venda pela internet, ou talvez no fim de marco, quando eu assinei o contrato de compra e venda, ou ainda na metade de abril, quando terminamos de pagar o Brava e comecamos a morar a bordo. O Veleiro se tornou oficialmente Brava no dia 09 der agosto de 2011, quando ganhou seu registro em St. Maartin e tornou-se legalmente o Brava.
Mas, para nos, a data acaba sendo mesmo dia 01 de setembro, quando literalmente levantamos a ancora e comecamos nossas viagens.
Um ano, nove paises, 2.500 milhas nauticas velejadas, 350 horas de motor, inumeros novos amigos e incontavies aprendizados.
Um ano aprendendo a viver a bordo, a conhecer os sistemas, a entender o Brava, a aceita-lo e a ser aceito por ele.
Hoje, podemos dizer que estamos realmente vivendo o sonho e vivendo do sonho.
Para quem ainda nao teve a oportunidade ou a curiosidade de dar uma passeada aqui pelo Blog e conhecer um pouco do que aconteceu neste ano, aqui vai uma breve retrospectiva.
Saimos de St. Martin, eu, a Rafa e o Dani, amigo e parceiro de velejadas ai de Floripa, que tambem comprou seu veleiro em St. Maartin (o Mema), rumo a Antigua. Velejada muito agradavel, ja deu para sentir como o Brava gosta de velejar. Chegamos em Antigua, deu para fazer uns mergulhos em um naufragio, comprar duas correias para o alternador e seguir em frente. O Dani voltou a St. Maartin. A partir de Antigua seria so nos 3... eu, a Rafa e o Brava. Sem pensar muito seguimos rumo a Guadalupe.  Acabamos nao parando em Guadalupe, seguindo ate Dominica. Nosso destino inicial seria as Ilhas de Les Saints, mas acabamos aproveitando as boas condicoes e continuamos mais 20 NM ao sul, ate Dominica.  Por mais que a vontade de parar e curitr as Ilhas fosse enorme, nao tinhamos esta possibilidade, estavamos no auge da temporada de furacoes e tinhamos que aproveitar ao maximo as janelas de tempo favoravel para fugir da area de ocorrencia deste pesadelo. Em Dominica paramos com a ideia de passar uns 2 dias, descansar, conhecer um pouco a Ilha e conferir a localizacao de uma Tempestade Tropical que se aproximava do Caribe. A ultima previsao que tinhamos mostrava uma rota bem mais ao norte de nossa posicao atual, mas quando abrimos a internet, uma surpresa bem desagradavel nos esperava... A Tempestade Tropical Maria iria passar exatamente em cima de nos. Alugamos uma poita, desci as duas ancoras do Brava, amarrei a popa em mais outra poita e alugamos uma casinha de frente para o mar para esperar a coisa ruim passar vendo tudo de camarote. Ainda enquanto estavamos nos ultimos preparativos a bordo, a frente da coisa ruim chegou, com ventos acima dos 45 nos. Felizmente Maria passou um pouco mais ao norte, exatamente sobre Les Saints (Deus protege os abobados) e os ventos foram amenos em Dominica, o mais impressionante foi a quantidade de chuva que presenciamos. Tinhamos que continuar...Martinica era nosso novo destino. Acabamos parando apenas para dormir, ja havia outra Tempestade Tropical a caminho e tinhamos que seguir ao sul, eu so estaria mais tranquilo quando chegassemos em St. Lucia ou St. Vincent. Mais uma velejada com bastante vento variavel e chegamos em St. Lucia. La deu para pararmos um pouco, descansarmos como tem que ser e conhecer a Ilha. Aproveitamos para dar uma geral no Brava, acertar os detalhes pendentes que so foi possivel conhecer velejando. Nossa proxima travessia seria a mais longa ate entao... cerca de 700 milhas nauticas entre St. Lucia e Curacao... foi uma semana de sonho, em que realmente nos sentimos em um sonho... foram anos sonhando, aprendendo, se dedicando de corpo e alma para estarmos ali vivendo aqueles dias especiais.
Levamos 6 dias na travessia, 6 longos e maravilhosos dias. Se por um lado nao tinhamos mais a pressao dos Furacoes, eu tinha a enorme pressao de estar testando plenamente todas as reformas que tinhamos feito no Brava desde que o compramos. A Rafa esteve presente em todas as etapas, sempre ajudando efetivamente e me apoiando em minhas decisoes em todas as etapas da reforma, mas se algo desse errado, se tivessemos alguma falha estrutural, mecanica, etc, eu me sentiria culpado e seria o responsavel pelo nosso problema.
Passamos meu aniversario de 34 anos a 200 milhas de Curacao, eu nao posso imaginar um lugar e companias mais especiais para uma data asssim... estava com a mulher que eu amo, no barco que virou nossa casa e parceiro, no meio do mar, realizando um sonho de anos... Obrigado Meu Deus!!!
Demos o bordo pelo sul de Bonaire, deu vontade de parar, mas tinhamos que seguir ate Curacao, aonde iriamos receber a Daiane e o Gabriel, nossos primeiros visitantes, para entao retornarmos a Bonaire e mergulhar em suas aguas transparentes. A 4 milhas de Curacao, levamos nosso primeiro susto de verdade a bordo do Brava, do nada senti que o barco estava se comportando de forma estranha e quando fui conferir o leme, vi que nao tinha resposta... o Brava estava sem governo... Rapidamente pegamos o leme de emergencia, a Rafa ficou timoneando e eu consegui encontrar e solucionar o problema em tempo recorde... incrivel como em momentos assim o tempo parece passar em camera lenta e os pensamentos fluem de forma coerente. Ficamos cerca de 2 meses em Curacao, passamos uma semana em Bonaire, recebemos meu pai e meu irmao Matheus, nor reencontramos com nosso amigo e Capitao do Morning Calm (veleiro que trabalhamos por 2 anos), o Cameron, que tambem tinha comprado seu sonhado Catamaran e de Curacao seguimos rumo a San Blas, no Panama.
A travessia entre Curacao e San Blas seria ainda mais longa que a entre St. Lucia e Curacao. Os dois primeiros dias foram de sonho, condicoes perfeitas de velejo. Os outros dois dias foram o oposto... foi a pior condicao que pegamos em mais de 20 mil milhas navegadas... foram 50 horas com ventos sempre acima dos 35 nos, chuva, raios e ondas bem grandes com mar cruzado. O incrivel eh que foi a oportunidade perfeita de conhecer todas as qualidades do Brava em uma condicao ruim como esta. Se nos estavamos apreensivos, ele estava adorando a brincadeira... manteve sempre velocidade entre 7 e 8 nos, surfando as ondas acima dos 12... coisa mais linda do mundo... se no cockpit o mundo parecia que estava desabando, dentro dele a sensacao era totalmente diferente... silencio, conforto, Paz... Ali tive a certeza absoluta de que tinhamos sido abencoados em ter sido escolhidos por um barco tao especial assim...
Depois o vento literalmente sumiu... para completar a brincadeira a caixa de cambio resolveu parar de funcionar... sem vento e sem motor, passamos uma noite totalmente a deriva, nos movendo apenas com a corrente. Como estavamos no meio do nada, baixamos as velas, ligamos as luzes do mastro e fomos dormir. Muito louca a sensacao de estar flutuando no meio do nada, em um mar de azeite, em uma noite sem lua e bastante estrelada.
Felizmente o vento voltou e conseguimos nos aproximar do nosso destino, San Blas, 365 ilhas paradisiacas localizadas entre a Colombia e o Panama. No amanhecer do setimo dia de travessia estavamos a 8 milhas de San Blas, minha alegria nao era pouca, porque sabia que para navegar entre as ilhas e seus incontaveis recifes de corais sem o motor, seria bom chegar bem cedo para aproveitar o sol do meio dia para achar o caminho entre os corais e ancorar em seguranca. Quando estavamos a 5 milhas aparece do nada uma nuvem preta, daquelas de foto que impressionam e a unica solucao foi colocar a proa para alto mar. A chuva desabou, com bastante vento e acabamos conseguindo entrar em San Blas so no fim do dia, com o dingue amarrado na lateral do Brava e seu motor nos ajudando a nos movimentar em mais uma tarde quase sem vento.
San Blas foi alucinante. La reencontramos o Cameron, comemos as primeiras lagostas do Panama, mergulhamos, descansamos e nos preparamos para seguir. Nosso destino era Bocas del Toro, cerca de 230 milhas a oeste. Programamos uma parada em Ilha Grande, 40 milhas de San Blas para la esperarmos uma janela de tempo favoravel para velejar a Bocas, ja que sabia que seria uma velejada contra a corrente.
Levamos quase 3 dias para fazer as 40 milhas, normalmente levaria 8 horas. Foi decepcionante acordar e descobrir que estavamos no mesmo lugar que acordamos ontem, velejavamos lentamente durante o dia, e a noite, o vento morria e a corrente nos levava de volta. Mais uma licao aprendida... Paciencia nunca eh demais.
Chegamos em Isla Grande, reencontramos o Cameron que saiu um dia depois de nos de San Blas e chegou um dia antes am Isla Grande e esperamos uma previsao favoravel para seguir em frente. A previsao nunca veio, mudamos de ancoragem para uma bem proxima, em Puerto Lindo e aprendemos mais uma licao, talvez a mais importante ate entao.
Nesta ancoragem, que nunca tinhamos ouvido falar, encontramos um lugar paradisiaco... excelentes pontos de mergulho, ondas perfeitas sem ninguem surfando, povo local simples e amigavel, e uma comunidade de velejadores extremamente receptiva. A licao: As vezes a falta de planos pode ser o melhor plano!!!
Dezembro chegou e nao tinha como seguir a Bocas sem boa previsao de vento, nao tinhamos tempo suficiente para consertar a caixa de cambio sem gastar um rio de dinheiro. Solucao... Colocar o Brava em muma poita na Panamarina e voltar ao Brasil para a temporada de verao.
Retornamos ao Brava em marco, acabei consertando eu mesmo a caixa de cambio, salvando uma enorme quantidade de dinheiro, e oficializamos Puerto Lindo como nossa "casa" no Panama. Mas nao estamos em um veleiro para ficarmos parados em um so lugar.
Em maio ajudamos o Cameron a atravessar o Canal do Panama com seu Catamara, ele seguiu rumo as Marquesas e Polinesia Francesa, pela mesma rota que fizemos em 2008, e nos, em junho, seguimos a Bocas del Toro.
La recebemos minha amiga de infancia, a Andy e a Ro, depois meu primo Eduardo e o casal Jane e Celio, meus cumpadres Pri e Ricardinho e meu querido aluno da Escola de Surf Primeiras Ondas Pietro e seu amigo Octavio.
La tambem encontramos outros velejadores brasileiros, nosso amigo File, Fernando Passow do Veleiro Free Spirit, o Fabiano, do veleiro Nemo.
Bocas foi muito bacana, pois alem de receber nossos amigos e familiares, fazer novos amigos, tambem deu para mergulhar um monte, fazer muita pesca submarina, conhecer inumeras novas ancoragens, surfar altas ondas e comer lagosta ate dizer chega.
De Bocas, voltamos para Puerto Lindo, mais uma vez eu e a Rafa e o Brava... ela seguiu para o Brasil para o casamento do irmao dela e eu fiquei aqui trabalhando no Brava.
Um ano bem vivido, com certeza... o primeiro de muitos, se Deus quiser!!!
Obrigado a todos que tem nos acompanhado em nossas aventuras.
Abracao
Mane e Rafa
S.V Brava
Duplaventura